PACTO IMIGRATÓRIO: estadia à margem da sociedade
"Aí ocorre um problema MUNDIAL que tem interferido até em países como Suécia (no caso dos refugiados árabes) e Alemanha (imigrantes muçulmanos que formam grandes grupos): é ótimo poder trazê-los e acolhê-los quando muitas outras nações que poderiam fazê-lo, não o fazem. Em compensação, de que adianta apenas trazer e ser acolhido se não há uma assistência, muito menos escolaridade acessível e suficiente? De que adianta trazer imigrantes que vêm para tentar uma vida melhor se as oportunidades não existem aos que não se encaixam em um determinado padrão pré-estabelecido? De que adianta trazer pessoas de fora se elas ficam à margem da sociedade, sem interação com a população local? De que adianta oferecer uma estadia se ainda há barreiras linguísticas e sociais que os governos insistem em não quebrar? Pensemos...".
Algumas pessoas comentaram algo como "ok, mas nem sabemos se eles são criminosos!". Pera, pera, pera! Em momento algum eu disse que são ou que vão se tornar criminosos. Vamos à dissertação com base nos argumentos anteriores:
Permitir a entrada de imigrantes em um país não significa, necessariamente, que este está apto para recebê-los, para dar estrutura, escolaridade e renda adequadas. Não significa que os imigrantes, principalmente refugiados, já saibam o idioma local, que muitas vezes impede a interação do mesmo em relação à população nativa. Em alguns países, principalmente nórdicos, o domínio da língua inglesa é essencial para comunicar-se profissionalmente e em qualquer ocasião, mas apenas inglês não faz com que essas pessoas consigam amigos, contatos pessoais, nem mesmo assistência. Sendo, no caso do Haiti, uma situação ainda pior por tratar-se de desastres de níveis catastróficos.
É preciso analisar, portanto, a situação que o imigrante refugiado vai enfrentar no país. Sem estrutura, acaba-se gerando um ciclo de falta de renda e alicerces sólidos. O que pode, caso este viva à margem da sociedade, ocasionar um possível desvio de metas. O imigrante não sai de sua terra natal sem uma boa justificativa - que na situação descrita, é basicamente por sobrevivência. Ele é iludido e sondado pela ideia de que lá, onde pretende ir, vai mudar de vida. Lá, no local ideal, ele poderá salvar-se, aumentar a renda ou conhecer novos hábitos. A realidade desses casos, porém, é bem diferente: não se adaptando à cultura e à população locais, torna-se por adentrar neste ciclo que não inclui menos violência - seja social ou penal.
Não é concedendo apenas moradia, portanto, que o governo pode justificar sua ação. Apenas permitir que o estrangeiro entre no país e (sobre) viva ali não é suficiente. É preciso pensar em sua estadia, em sua escolaridade, em seu profissionalismo, em sua interação social, cultural e até mesmo histórica. Sem isso, mais casos como o da Suécia (em relação aos refugiados árabes), da Alemanha (em relação aos muçulmanos, independente de etnia) e do próprio Brasil acontecerão frequentemente.
Apenas uma observação final: a França não é o melhor país do mundo - aliás, não há melhor país em regras gerais - mas ao menos prevê uma boa conduta diante a um conflito desses. Alegando sua dívida cultural, social e histórica com países africanos, o governo francês promove sua imigração, mas dando alguns incentivos estudantis, incluindo bolsas e cotas (que não são criticadas como aqui no Brasil, mas causam revolta entre partidos de extrema-direita política). Será uma consciência de dívida histórica ou apenas uma boa imagem francesa? Não, pois ainda assim, os africanos vão para a França e ainda vivem nos subúrbios, não se considerando cidadãos devidamente franceses, ainda que seus filhos nasçam lá. Possuem um auxílio financeiro precário, e nem mesmo têm representantes de seus países. Embora recebam o visto, isso não dá a opção de serem bem aceitos na sociedade, e não faz com que se reintegrem por lá. É preciso pensar, portanto, em medidas que realmente os ajudem com moradia, escolarização e qualidade de vida dignas.
Foto: Werther Santana/Estadão
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