Entre vantagens, valores morais e éticos: tirar ou não a dupla cidadania?

Entre vantagens, valores morais e éticos: tirar ou não a dupla cidadania?

Foto: E-Dublin

Recentemente, muitas pessoas têm me perguntado sobre as vantagens do passaporte europeu - o famoso vermelhinho - e da cidadania europeia, principalmente por eu ter comentado com alguns colegas mais próximos que pretendia obter a cidadania italiana dentro de alguns meses.
Pois bem, as vantagens do passaporte europeu são gigantescas, sendo uma delas o tempo de estadia no país desejado (ou em outros países da União Europeia, ou até mesmo aos que possuem acordos para seguirem as mesmas leis de obtenção de visto). Você pode ficar o tempo que desejar, e a facilidade de locomoção entre países próximos é maior ainda. Outra enorme vantagem é quanto ao trabalho: não é necessário adquirir visto trabalhista para brasileiros, uma vez que você já vai possuir a dupla cidadania europeia. Sendo assim, além de não precisar de mais um tempo para a aquisição do visto, você também poderá colocar sua nacionalidade nas cartas para trabalho como aquela que solicitou (no meu caso, italiana). Isso facilitará sua vida de trabalhador na Europa por um simples motivo: em países como a Irlanda, o tempo de trabalho para brasileiros é menor, pois a UE encara que necessitamos de um tempo a mais para estudo, no caso de um possível intercâmbio. Ao colocar que a sua nacionalidade é irlandesa, por exemplo, você possuirá um tempo maior de trabalho, e poderá realizar serviços que não conseguiria apenas como brasileiro.
Outras vantagens como obtenção de carteira de motorista para cidadãos próprios do país e alguns documentos a mais como registros semelhantes ao CPF no Brasil também serão acrescentadas.
Com tantas vantagens, torna-se bem difícil enxergar o que não é tão bom nessa história toda. Além de levar bastante tempo para conseguir a obtenção desse documento, muitas certidões de seus antepassados são necessárias (nascimento, casamento e óbito, se for o caso), então prepare-se para correr atrás dos papéis. Além disso, por aqui no Brasil, o tempo para que esse processo se encerre é gigante. Pensando nisso, muitos brasileiros decidem já viajar para o país que pretendem e tiram sua dupla cidadania lá mesmo, por ser um processo bem mais rápido e seguro. Mas é válido lembrar que todos esses documentos devem ser traduzidos judicialmente, o que é simples, porém pode exigir um certo custo a mais.
Não pretendo, porém, fazer com que você desista do seu sonho: pelo contrário. Mas agora eu abordo algumas questões que já partem para os seus valores morais, éticos, e toda a sua bagagem sociológica: você realmente precisa disso tudo? Realmente vai querer se tornar um cidadão europeu? Muitos brasileiros têm medo de obter a dupla cidadania e, de repente, bater o arrependimento. Não vejo nada que impossibilite alguém de garantir um direito que é seu, mas como o Brasil é bem liberal e aceita que o cidadão tenha duas cidadanias diferentes, por que não, se sua solicitação for aceita? Alguns brasileiros pensam que sofrerão preconceito, xenofobia, entre outras questões. Bem, dos que conheço, ainda não vi casos tão claros e específicos somente pela obtenção desse documento, mas isso pode ocorrer até mesmo sem ele.

Se você está realmente decidido que é o que deseja, e se faz parte do seu sonho trabalhar pela Europa, eu digo: sim, realmente vai te ajudar bastante. Se não for, sugiro que pense um pouco, faça planos, invista um tempo refletindo sobre isso. Com certeza não vai ser um tempo perdido em vão.

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